A adaptação do atleta ao treino depende de vários fatores como da genética do indivíduo, fatores endócrinos, ambientais, nutricionais e etc. Baseado na literatura disponível e na prática, a primeira parte do tema é o mais negligenciado pelos atletas, quer a nível profissional ou recreativo.
Afinal, um treino de uma hora representa uma fatia mínima das 24h diárias, o que requer uma forte dedicação/disciplina por parte do atleta para as restantes horas.
Muitas das vezes há outros fatores intrínsecos que levam a défices nutricionais, visto que treinos de alta intensidade acabam por ter um efeito anorexígeno (diminuição do apetite) mediado pelo efeito no cérebro das interleucinas inflamatórios e endorfinas produzidos pelo músculo em resposta ao exercício.
Isto torna a situação um pouco complicada ao nutricionista quando trabalha com atletas profissionais, pois esta população especial geralmente tem gastos energéticos muito grandes.
Aqui entra o grande motivo da necessidade dos suplementos, pois funcionam para colmatar os défices nutricionais. Vale salientar que isto não é só aplicável aos atletas profissionais, mas como aos recreativos ou mesmo em ambiente hospitalar.
Outro grande motivo reside no facto que certos compostos têm efeito ergogénico (ex. creatina monohidratada e beta alanina) e a quantidade de um alimento necessário consumir para atingir a dose ergogénica é inalcançável.
Também podemos salientar o uso de suplementospela a sua praticidade, que os torna útil para quem tem uma vida preenchida e não tem tempo ou vontade de cozinhar.
A dieta como base do treino
De um ponto de vista fisiológico, o treino diminui a nossa capacidade funcional, quer seja pela diminuição do glicogénio, micro lesões no músculo, etc.
Após esta fase de desgaste, há uma fase de recuperação, que nos leva à estaca zero, seguido por um aumento da capacidade funcional na fase de adaptação. Um treino bem programado aliado a uma boa nutrição, a fase de recuperação reduz e as melhorias da capacidade funcional aumentam.
Isto permite-nos treinar mais vezes e assim melhorar as nossas habilidades. Apesar da proteína ter uma função plástica (reparar o músculo), o dispêndio energético no processo é grande, o que torna importante não manter um défice energético (frequente em atletas profissionais!).
O papel da nutrição na recuperação de lesões
Caso a nossa recuperação esteja comprometida e o próximo treino seja ainda durante a fase de recuperação, podemos entrar num processo de decadência. Se for feito numa forma crónica, podemos esperar perda de performance, massa corporal, alterações psicológicas e hormonais além de uma maior prevalência de lesões.
Vejamos o efeito das concentrações de glicogénio(forma de armazenamento da glicose) pré-treino no tempo até à exaustão. De salientar que o tempo é dado em minutos, além de haver métodos (ex. carbload) e suplementos para aumentar ainda mais estas concentrações.
Um treino com pesos pode não ser necessário para esgotar o glicogénio muscular, mas meia parte de um jogo de futebol é, e trabalhos feitos em jogadores profissionais, estes valores andam baixos (baixas concentrações de glicogénio muscular pode levar a um aumento de lesões!).
A nutrição intra-treino pode ser útil nestes casos ao permitir uma taxa de oxidação (produção de energia) de glicose alta.
A ingestão de água acaba por ser importante, especialmente em desportos de endurance e ambientes quentes, devido à sua função na termorregulação.
É de salientar que a ingestão ad libitum de água não é suficiente para manter um atleta hidratado, o que leva à necessidade da planificação de estratégias para manter o estado hídrico ótimo.
De um modo geral, a nutrição desportiva e os suplementos alimentares têm um papel indispensável na vida de um atleta, seja ele recreativo ou de elite, ou até para os praticantes de musculação que desejam uma boa composição corporal ou uma melhoria do bem estar/saúde.
A great diet cannot make an average athlete elite, but a poor diet can make an elite athlete average.
by Ron Maughan