A presença de uma dieta hiperproteica é um dos pilares de uma boa alimentação num desportista, independentemente da modalidade praticada.
O uso de suplementos para suprir as necessidades proteicas pode ser uma grande ajuda, principalmente quando estamos a falar de culturistas e/ou pessoas de grande porte, ou até mesmo pela sua praticidade.
Podíamos falar de outros fatores extrínsecos, como por exemplo como o efeito anorexígeno da proteína e exercício de alta intensidade podem levar à necessidade ingerir suplementos.
A grande variedade de suplementos proteicos existentes no mercado pode deixar-nos um pouco confusos, visto que dentro desta variedade de suplementos podemos destacar desde a sua origem e tipo.
Além das proteínas vegetais ou animais, das proteínas presentes no leite, vamos falar das proteínas presentes no soro de leite e quanto ao seu tipo de extração/processo que representam cerca e 20% da fração proteica total do leite.
A proteína whey é a proteína mais vendida no mercado e encontra-se disponível principalmente em 3 formas de apresentação (concentrada, isolada e hidrolisada). São constituídas por β-lactoglubolina, α-lactalbumina, albumina bovina sérica e imunoglobulinas (o conteúdo destas proteínas não difere significativamente entre concentrado e isolado).
O que as distingue?
Proteína Whey Isolada tem uma pureza superior, isto é, com um teor mínimo de lactose e lípidos e alto teor de proteína na ordem dos 90% ou superior.A Whey Concentrada tem um teor proteico perto dos 80% devido a processos de extração diferentes.
Isto pode sugerir que a proteína whey isolada seja útil principalmente quando a pessoa é intolerante à lactose, o que pode não ser totalmente verdade, visto que uma grade parte dos intolerantes à lactose consegue digerir alguma lactose diariamente o que invalida o seu uso quando o uso de leite na dieta não está presente ou é mínimo.
Quando o indivíduo tem problemas gastrointestinais com o uso de proteína whey concentrada, o uso de proteína whey isolado torna-se indicado.
Proteína whey concentrada e isolada podem-se designar por proteínas intactas, visto que as suas frações proteicas não são alteradas.
- Pelo contrário, a proteína whey hidrolisada é submetida a um processo enzimático ou térmico para reduzir o tamanho das frações proteicas em péptidos pequenos. De um ponto de vista focado na performance, o número de estudos é reduzido ou metodologicamente de fraca qualidade, o que não permite tirar alguma conclusão ou obrigaria a extrapolar através de surrogate endpoints (ex: biomarcadores).
Contudo, isto não invalida o uso de proteína whey hidrolisada, já que em certos casos pode ter utilidade. Do ponto de vista alergénico, devido a hidrólise das frações proteicas, o epítopo (parte do antigénio que liga ao parátopo do anticorpo, dando origem a uma resposta imune) pode ser hidrolisado o que torna hipoalergénica comparada às outras proteínas whey.
A absorção nos enterócitos é feita a di e tri-péptidos, por isso supostamente a proteína whey hidrolisada contendo di e tri-péptidos tem uma absorção maior.
O resultado quanto à cinética de absorção tem-se mostrado conflituoso, com aumentos da absorção, sem alterações significativas ou mesmo a proteína “intacta” a ter uma absorção superior.
Relativamente ao efeito insulinotrópico, a whey hidrolisada parece ser superior, com uma área abaixo da curva da insulina superior à whey “intacta”, possivelmente mediada pela incretina GIP (glucose-dependent insulinotropic polypeptide).
Quanto ao balanço de nitrogénio, parece que não leva a nenhuma diferença em humanos relativamente à proteína “intacta” e hidrolisada.
A MPS (muscle protein synthesis), nas horas seguintes ao treino, parece ser maior depois da ingestão de proteína hidrolisada, mas mais uma vez, a MPS não se correlaciona com o ganho de massa magra e força a longo prazo.
Apesar de escassa, há alguma bibliografia relativamente à recuperação e a biomarcadores de dano muscular. Parece que há alguma superioridade a favor da proteína hidrolisada, mas são necessários mais estudos para obter conclusões mais sólidas.
Em animais, a proteína hidrolisada parece ser superior em repor o glicogénio muscular em comparação às proteínas “intactas” e BCAA, apesar que em altas concentrações por hora de hidratos de carbono, o efeito aditivo da proteína na síntese de glicogénio é perdido.
Salienta-se que as proteínas “intactas” têm certos péptidos com funções biológicas, sendo destruídos no processo de hidrólise.
Concluindo, a proteína whey concentrada parece ter o maior custo-benefício em relação às outras apresentações. Se o fator dinheiro não for entrave, o uso da proteína whey isolada é uma ótima opção, especialmente se o indivíduo tiver problemas com pequenas quantidades de lactose.
Por último, há a possibilidade da proteína hidrolisada ser superior às proteínas “intactas” quando a recuperação em poucas horas for crítica.